quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O melhor da palavra é o silêncio...

Por vezes tento encontrar palavras que aliviem meus sentimentos
Quando na verdade o que sinto está mesmo é nas entrelinhas...
O que eu acho mesmo é que palavra precisa amadurecer na gente
Assim como o vinho amadurece em si mesmo no descanso do passar dos anos

Palavras precisam dos contornos dinâmicos que a vida me oferece
Da sabedoria diária de encantamento à cada amanhecer..
de deixar partir aquele pássaro que pousa por alguns instantes na minha janela..
A sabedoria em entender que ele só é tão encantador por aqueles instantes..
pela partida e pela incerteza da volta no amanhã...

E nessa arte do amadurecimento da palavra,
Da pergunta certa invés da resposta certa,
Há o poder da palavra, que por vezes bem colocada
Tem o dom de colocar na posição certa do vento
Aquele que contra o vento anda lutando.

O que há de mais belo nisso tudo é a arte
De se arriscar no mundo das palavras.
E na arte do amadurecimento delas,
Afinal palavras são nada mais que o grito de dor e o agradecimento
Tentando achar um lugarzinho pra se mostrar.

Dizem por aí que o melhor da festa é esperar por ela,
E quão sábio é isso...
Afinal, o melhor da palavra é o amadurecer dela.
É o silêncio que em mim brotou, antes da escrita.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Distância que faz ruir

Não se trata de egoísmo. Viver de "dentro pra fora" é questão de sobrevivência.
O sábio mesmo já disse: "Quem vive se buscando, nunca para de chegar".

As felicidades de fachada são tantas e irreais, tão atraentes e fascinantes,
que o fardo de viver a aventura das questões humanas é realmente pesado..
Não é preciso tanta vivência pra experimentar o sabor amargo das decepções que nos causam dor,
Mas não te tornes escravo dos próprios limites, a dor é propriedade da vida.

Desde o nascimento é assim, saio do aconchego caloroso do útero maternal
para o avesso de um mundo viral. Choro, é claro.

Entretanto o ponto alto do limite humano é a própria ausência.
Diga-me tuas piores mazelas e te direis o quanto te ausentastes de ti.
Quanto mais longe arrisco-me fora de mim mesmo, maiores são as decepções e os erros.
Praticando o que não somos vivenciamos a fragilidade que somos.

Eu costumo imaginar os animais fora do seu lugar de origem, perdem o brilho.
Há decepção maior do que não estarmos trabalhando em quem realmente somos?
Talvez nossas pequenas dificuldades rotineiras estejam nos agredindo tanto.
Estamos longe do nosso lugar de origem, sem firmeza...sem brilho.

Olhar pra dentro sem máscaras pode até doer, mas também gosto de imaginar o reino vegetal.
Árvores fortes e duradouras possuem as raízes mais profundas. Parecem tão firmes.
Mas quem foi que me roubou de mim? Como posso ser ausente de mim mesmo?
Tire suas máscaras, olhe pra tudo que parece tão velho em você de um jeito novo.

É renascimento...à cada dia. É a realização humana de ser apesar dos apesares.
Nunca esqueça das plantas, elas são realmente muito instigantes.
Ter sempre uma boa colheita é trabalho pra todo dia. Cultivo hoje e colho amanhã.
Se deixo de cultivar hoje, posso não ter o que colher amanhã.
A saudade é um bom exemplo.

Que a gente tenha a consciência de nossa limitação, e dela não faça-se o acômodo.
Que tenhamos a sabedoria de descobrir a própria essência e dela não mais se ausentar.
O que precisamos muitas vezes não é um caminho novo, mas um jeito novo de caminhar,
por isso repousemos sobre nós mesmos e experimentemos a nossa própria verdade.

Ah, e em nenhum momento da vida esqueças do amor...

"O amor é a capacidade de descobrir no outro o que ele ainda não viu que tem.
É como se você tivesse uma grande propriedade e não tivesse a capacidade de andar por ela para demarcá-la."
O amor sugerido pode começar por você mesmo, demarque seu território interno, conheça sua totalidade.
Há muito o que descobrir para evitar as ausências. Devolva-te a ti mesmo.