terça-feira, 8 de março de 2011

A simplicidade da vida...

Seguindo a onda da profundidade da reflexão...resolvi desenvolver a ideia que assombra meus pensamentos há anos e que não se traduz em palavras. A tentativa pode ser válida.

Até uma certa altura de nossas vidas, até uma certa idade...tudo o que passa ou fica, o que se espera ou o que se procura, é dosado de grandes porções de inocência. Uma doce inocência provida da falta de visão sobre tantas coisas que cercam a vida ao passar dos anos. Afinal, certo escritor que não lembro agora o nome, profere com muita felicidade: "Ninguém é maduro aos 16.."

Há um ponto crucial em toda vida humana em que as coisas começam a não ter mais explicação afinal, conviver tanto no seu círculo familiar, de amizades ou até mesmo a sociedade no contexto geral nunca foi uma tarefa fácil. O charme e a doçura do amor, da amizade, dos seus sonhos e dos seus planos começam a perder o encanto, desabam de uma hora pra outra, sem explicação. Você se pergunta, questiona, e corre o risco de passar a vida toda tentando entender.

As suas manhãs de amizades na escola são convertidas por azedos e falsos "Bom dia" no ambiente de trabalho. Acordar cedo antes era chato, agora é terrível. Suas tardes de entretenimento, namoricos e de muito passeio são trocados pela solidão do seu dever. Os mesmos namoricos, antes tão doces, delicados, perfeitos e emocionantes...agora são sérios relacionamentos...que a cada dia enfrentam novos desafios. É tudo tão mais difícil não é?

Talvez não.

Talvez a forma como você enxerga a sua própria vida seja o motivo de tanta indagação, afinal esse nobre que escreve acredita que tudo tem uma explicação...simples, óbvia.

Querer supor que a vida é simples e que todos alcançam seus objetivos e vivem exatamente como gostariam seria desafiar os maiores fantasmas da nossa mente. Seria fantasiar o mundo que eu quero pra mim, dentro daquele que realmente existe.

Você vive e precisa escolher, todos os dias. Entre aquilo que lhe é colocado diariamente à sua face, escolher não é apenas tomar uma decisão...é traçar o teu caminho dentre os vários que a vida lhe propõe, e não que seja impossível retornar, regressar ou alterar o teu próprio rumo. Sempre há em uma estrada, um desvio, um retorno ou um novo trevo de opções, pra que você possa alterar a direção das coisas.

Viver é de fato, um desafio maior a cada dia..e todos sabemos a dificuldade de encontrar equilíbrio dentro de nossos lares, com familiares...problemas internos, financeiros..de privacidade ou até mesmo de amor...

ahhhhh! o amor..

O amor é esse substantivo abstrato, tão abstrato que até mesmo definí-lo abstratamente é difícil..imagina sentí-lo.

Dói tanto amar, dói tanto sofrer..dói tanto quanto não ter o emprego que se sonhar, ou até mesmo não ter aquele dinheirinho sonhado na hora que precisa. Dói tanto quanto perder amigos que se casam, que se afastam, viajam...mudam-se ou simplesmente tornam-se dispensáveis..

É, eu poderia supor que a vida é uma metralhadora..que lança projéteis de infelicidade a todo momento prontos pra te acertar. Alguns deles até para o nosso bem. Alguns deles até bom seria se nos acertassem, pra aprendermos, ganhar a famosa experiência.

Só com o tempo você aprende o que precisa te acertar e o que simplesmente precisa ser ignorado. Nem sempre as pessoas vão avaliar sua atitude corretamente. Nem sempre amores serão correspondidos. Nem sempre você vai ter um ótimo emprego, um ótimo salário...ou pior que isso, você pode até mesmo descobrir que não está fazendo aquilo que gostaria. A imperfeição é dolorosa. Ela é não é mais tão delicada como o amor que você descobriu na adolescência.

Pessoas mudam, pessoas escolhem. O próprio mundo jamais vai deixar de ser mundo enquanto ele for composto, dentre várias coisas, de pessoas. Pessoas pensam diferente, escolhem diferente. Possuem particularidades, coisas que querem pra si e todos os defeitos e qualidades que os cercam. Uma das primeiras coisas que aprendemos, ainda crianças não é que nesse mundo ninguém é igual? Faz todo sentido.

Faz todo o sentido o que papai e mamãe nos dizem e que às vezes entra em um ouvido e antes mesmo de sair pelo outro já se dispersou pela nossa enorme precocidade de julgar saber tudo sobre a vida.

Ahhhh! a vida..

Mesmo que não creias em Deus, considere a escrita bíblica, como não bíblica e perceba a verdade que há nisso: "Há tempo para tudo debaixo do céu.."

e realmente há..você só aprende errando, você só erra tentando e só tenta se escolhe...é tudo tão simples não é?

Não?

Talvez agora eu esteja imaginando tantas pessoas que conhecemos e que passam a maioria do seu tempo se batendo com uma chibata nas costas, se auto-torturando porque nada na vida dá certo. Pois bem, se nossas vidas nem sempre estarão em perfeita harmonia, e dentre o leque de ramos da nossa procura pelo equilibrio e felicidade, seja familiar, amoroso, profissional ou até mesmo interno, dentro de si, estão TODOS, mas TODOS indo mal, é hora de você rever sua vida, é hora de parar e refletir sobre o que se está fazendo...que escolhes se está tomando e se aquilo que realmente desejas será conseguido se fizeres o que está fazendo. Parece mais simples agora.

A vida torna-se menos ranzinza e dolorosa quando aprendemos a aceitar as suas imperfeições e mesmo assim não nos acomodarmos com elas. Afinal, aceitar que nem sempre terás o que desejas no exato momento em que lhe convém não nos dá o direito de desistir ou de parar de caminhar. A caminhada é longa, é cansativa e muitas vezes quase para, dá passos para trás e outros para frente, o importante é nunca parar.

Às vezes parece que tantas pessoas julgam sua vida por seu relacionamento. Se está com alguém, está feliz...se está sozinha, está triste. A vida está ruim. Não pode esse, ser um julgamento correto daquilo que chamamos de viver. A vida sem um grande amor não é uma vida completa, concordo.

Um coração sem um grande amor não vive...ele apenas existe, ele bate. Mas um grande amor não é o resumo de nossas vidas, porque mesmo como foi citado acima nessa escrita, o amor não pode ser simplesmente um casamento, um namoro, uma mulher, um homem.

É preciso amar as pessoas (como se não houvesse o amanhã) todas. É preciso ter amor pra viver. Amor interno, amor com quem gostamos e até mesmo com quem não gostamos. Ninguém atinge a autoconfiança, o equilíbrio e a tranquilidade...o prazer em viver sem aceitar as imperfeições das pessoas, do mundo e principalmente das próprias imperfeições.

Talvez não tenha sido concreto o desejo de expor a simplicidade dessa vida....
Talvez não tenha conseguido traduzir a alegria da simplicidade...
A alegria que surge da própria vontade de ser alegre, de ser feliz..
A felicidade da própria estrada, não do destino final.

O destino final, é só a obra de nossas escolhas, de nossa sabedoria em viver.

E o que há de mais assombroso nisso tudo?

"Ninguém é maduro de verdade até que tenha enfrentado sua própria solidão."

Não somente a solidão de outra pessoa, mas a solidão de bater na porta da consciência e não ver ninguém responder.

Abraços!

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